Lançamentos estão fora do radar da Cyrela neste momento, segundo o copresidente Raphael Horn. Em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do quarto trimestre de 2019, o executivo afirmou que é precipitado, neste cenário de pandemia do coronavírus, fazer projeções em relação a lançamentos, vendas e distribuição de dividendos.
Horn afirmou que a Cyrela tem equipe para fazer vendas totalmente online. “A pergunta é qual vai ser a demanda por imóveis nos próximos meses”, disse o copresidente.
Atualmente, a incorporadora tem 80% do efetivo nas obras. Segundo o copresidente, pessoas que fazem parte de grupos de risco foram mandadas para casa.
“O importante é ter caixa sólido e fôlego para enfrentar as turbulências”, disse Horn. Segundo ele, a companhia tem “caixa para aguentar alguns meses” e, “como qualquer crise, esta terá hora para acabar”.
Eventualmente, pode haver boas oportunidades de terrenos nos próximos meses, de acordo com o executivo.
A Cyrela não vê perspectivas de paralisação de financiamento bancário à produção e a clientes. Os custos de escritórios da companhia — aluguéis e salários — estão em torno de R$ 140 milhões mensais.
A companhia não espera “problema acentuado de distratos no curto prazo”, de acordo com o diretor financeiro, Miguel Mickelberg.
Tenda espera impactos relevantes
A Tenda espera impactos relevantes do coronavírus entre três a seis meses, segundo o presidente da companhia, Rodrigo Osmo. De acordo com o executivo, o foco da Tenda, neste ano, é o caixa, não resultados financeiros e operacionais. “Não há como passar por esta crise sem perder valor”, disse Osmo, em teleconferência com analistas e investidores também realizada nesta sexta.
Segundo o presidente da Tenda, “falar de metas, neste momento, é quase uma irresponsabilidade”. A incorporadora deve ter redução relevante do volume operacional, conforme o executivo. A companhia só fará lançamentos se tiver perspectiva de “mínimo de velocidade de vendas”, de acordo com o executivo.
A Tenda montou comitê de crise, liderado por Osmo, o qual se reúne duas vezes por dia. A companhia está avaliando como garantir a solvência no atual cenário, mas está muito bem estruturada, de acordo com o executivo. “A maioria das empresas não vai sobreviver sem uma linha de capital de giro. Nós temos o luxo de haver terminado 2019 com R$ 1,1 bilhão em caixa”, disse o presidente.
Segundo Osmo, o cenário atual pode criar oportunidades de geração de valor para a companhia. Isso porque parte dos concorrentes de menor porte poderão não sobreviver à crise. “O segmento é muito pulverizado. É possível que várias empresas menores quebrem no meio do caminho”, afirmou. Por outro lado, ressaltou o executivo, a construção civil é “extremamente importante” e tem de ser olhada com “cuidado e carinho pelo governo”.